quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O que é isso companheiro?

Se você veio até aqui pensando que ia encontrar uma sinopse, crítica ou afim do filme “O que é isso companheiro?”, aquele filme brasileiro de 1997 dirigido por Bruno Barreto, com o roteiro parcialmente baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira escrito em 1979, sugiro que clique na opção voltar do seu navegador, porque apesar deste título não é disto que falarei aqui, só não me pergunte por que escolhi esse título, ele simplesmente foi a primeira coisa que veio na minha cabeça para nomear o que falarei aqui.

Aqueles que acompanharam as notícias de São Paulo nesta segunda-feira (29 de novembro) devem se recordar que a chuvarada que caiu nessa cidade derrubou uma árvore na Avenida João Dias por volta das seis horas da tarde, fazendo com que muitos dos trabalhadores que voltavam para casa neste dia tivessem que terminar sua trajetória a pé e eu fui uma delas.

Até ai tudo bem, uma caminhadinha de quarenta minutos para atravessar a avenida inteira (eu estava no começo dela quando tudo parou, vi o carro de bombeiros passando pela contramão e decidi descer e seguir meu caminho a pé), mas meu momento de revolta não é causado por isso, é causado pela atitude das pessoas que estavam ali por perto.

O que me chamou a atenção foi o fato de ver várias pessoas com seus celulares tirando foto dos carros que estavam embaixo da árvore (segundo o que vi brevemente no Bom Dia São Paulo da manhã seguinte a árvore atingiu seis carros e um pedestre, mas não posso confirmar essa informação porque só vi a notícia de relance) sem se preocupar com quem estava passando por momentos de agonia ali em baixo, isso mesmo, um monte de gente que só queria ter provas do que aconteceu ali e sair se exibindo para os amigos dizendo que estava ali no momento do acidente.

Ligações para amigos e parentes também rolavam aos montes, com gente sempre fazendo questão de dizer: “Eu vi, eu estava perto quando aconteceu fulano, mais um pouco e eu estaria lá.”, mas no final das contas o infeliz estava bem longe dali no momento que a coisa toda aconteceu (duas das pessoas que vi fazendo isso estavam no mesmo ônibus que eu, detalhe, não sei se lembram, o ônibus estava no começo da avenida e a árvore no meio) e sinceramente isso me deixou puta da vida.

Ontem enquanto estava indo trabalhar comecei a contar o caso em detalhes para meu irmão dizendo o quão eu estava indignada com tudo aquilo e a resposta dele para mim foi simples: “As pessoas gostam de tragédias, simplesmente isso.”

Depois destas palavras eu comecei a pensar sobre o que aquilo queria dizer, analisar uma série de fatos e cheguei a conclusão de que meu irmão estava mais do que correto naquelas simples palavras, só não entendi qual o motivo para as pessoas serem tão atraídas por fatos trágicos, não por se preocupar com quem estava lá, mas para satisfazer seu ego.

Não consegui chegar a conclusão nenhuma por mais que eu tentasse, eu não sou dessa maneira, ver tragédias acontecendo me deixa com o coração na mão e pensando como eu me sentiria no lugar dessa pessoa. Será que eu sou estranha por causa disso? Será que só eu penso assim no final das contas? Alguém ai pode me dizer “o que é isso companheiro”?





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