terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Um conto de Natal - Parte 1

Aquele poderia muito bem ser mais um final de tarde comum, igualzinha a todas as outras sem tirar nem por, naquela cidadezinha perdida lá no interior do nordeste. Para dizer a verdade não havia nada demais para as demais pessoas, mas para aquele menino de sete anos de idade, cheio de sonhos e esperança algo diferente e mágico começava a acontecer.

Apesar de ser uma cidade pequenina como a maioria das cidades tinha seu pequeno comércio que no final de novembro começava a se preparar para receber o natal, ou ao menos o dinheiro gasto pelas pessoas naquela época do ano.

O garotinho observava atento a todos aqueles enfeites empoeirados agora sendo tirados de suas caixas e colocados na vitrine, seus pequenos olhinhos brilhavam emocionados, um sorriso brotava em sua face. O natal realmente era a época mais esperada por aquele menino de vida difícil, mesmo sabendo que poderia ser esquecido pelo Papai Noel.

Não demorava muito para que o garoto se colocasse a correr rumo a sua casa aos tropeços, pouco ligando para quedas, arranhões e esbarrões, ele só queria chegar em casa para poder contar a novidade a sua mãe.

– Mamãe, mamãe... – Gritava o garoto ao adentrar na casa, quase não conseguindo respirar depois de tamanha correria. – Ele está chegando de novo mamãe...

– Ele quem está chegando meu filho? – Perguntava a mãe ao ver o estado que seu filho se encontrava ao entrar na pequena casa, enquanto olhava para o sofá e via o marido mais uma vez jogado ali depois da bebedeira.

– Papai Noel mamãe, ele está chegando de novo. – O sorriso do garoto definitivamente era contagiante, tanto que a mãe passava a sorrir junto com o garoto, mas foi nesse momento que o homem com qual a mãe do menino havia se casado a pouco tempo começa a gargalhar debochadamente no sofá, infelizmente não apenas para mostrar que estava acordado.

– Não me faça rir menino, essa coisa de Papai Noel não existe, não sei de onde tira essas coisas moleque.

– Não fale assim com o meni... – A mãe quis intervir, no entanto seu marido já estava em pé a segurando pelos cabelos quando ela iniciou sua resposta, em seu tom mais debochado o bêbado começou seu discurso.

– Não sei de onde tirou essa coisa de Papai Noel garoto, mas devia esquecê-la, esse velho barbudo não existe, se existisse daria um jeito de nos tirar dessa miséria. Agora pare com essas coisas de bichinha e vá para sua cama antes que eu lhe dê uma surra. – Puxando agora o cabelo da esposa com ainda mais força ele voltava sua atenção para ela, agora aos gritos e praticamente cuspindo em sua face. – Está vendo o que acontece quando mandamos uma criança para a escola? Pra mim já chega, esse menino vai começar a trabalhar amanhã bem cedo.

O menino depois de ter levado tantas surras sabia muito bem que o melhor para ele seria não questionar. Deitando-se no em um colchão no chão, sua cama, enfiou a cabeça no travesseiro e começou a chorar enquanto pensava:

“Por que as coisas eram tão diferentes enquanto você estava vivo papai?”

2 comentários:

  1. Muito bom, guria! Infelizmente as coisas funcionam assim em muitos lares... Quem sabe um dia isso não mude né... Que bom que fazes tua parte, guria, que bom!

    Um abraço! Feliz Ano Novo!

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  2. Sim, eu sei Léo, justamente por isso me cansei de contos de natal fora da realidade brasileira e decidi escrever o meu.

    Infelizmente minha vida ficou muito ocupada esses dias e não consegui terminar o conto, ainda assim ele receberá seu final, mesmo que só termine no ano que vem.

    Muito obrigada pelo carinho e apoio. ^^

    Abraços e Feliz Ano Novo pra você também.

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