terça-feira, 5 de agosto de 2014

Trechos #12

"- É uma pena estragar sua visão cor-de-rosa deste país das maravilhas. Mas não venha bancar tal superioridade moral para cima de mim, pois me enoja! - Jamil cuspiu no chão. - E sua ignorância e essa sua cara estúpida só me deixam mais enjoado, por saber que existe uma plebe tão ignorante quanto você, que adora quem deveria combater. Como eu faço, como eu fiz aquele Rei imprestável perceber isso, ao colocar ele em frente ao caos! Porque essa gente idiota não consegue entender que eles tem vidas miseráveis como plebeus para que pessoas nojentas como vocês, príncipes encantados, vivam na riqueza porque inventaram um dia que tinham sangue azul! Pois é para gente como você faça um banquete todas as manhãs que crianças com eu tinham e ainda têm que comer sapos ou ratos todos os dias!

- É mentira...

- Descubra uma mina de ouro, Axel Branford! E descubra em quanto a Coroa de seu pai vai taxar o coitado de impostos pra ver se consegue sustentar a família com o que restar...

(...)

- Você se julga o lado bom dessa história, Brandford, porque é gente de sua laia que governa este Reino. Se gente da minha estivesse no comando, o lobo mau do conto de fada seria você!

- Talvez; talvez você tenha razão nessas insanidades que diz, pirata. Mas isso não vai permitir escapar do crime de regicídio, e duplo!

- Você chora a morte de seu pai, Branford? - berrou novamente o pirata. - Eu choro a morte do meu! - e o pirata bateu forte duas vezes no peito. - Você sente pela morte dos seus soldados? Eu sinto pela morte dos meus! Mas sabe qual é a nossa diferença, príncipe?

"Eu sou filho de um pirata, e você é filho de um Rei."

(...)

- Há algo que você ignora, Crocodilo - disse o príncipe real, sem exaltar o tom. - Você fala como se as pessoas tivessem culpa por nascerem nobres ou não. E você também fala com se toda culpa estivesse sempre na figura exata de alguém. Mas vou relembrar a você um detalhe: meu pai não nasceu nobre, muito pelo contrário. Nasceu um plebeu como você, filho de um moleiro que não tinha nem o que comer, muito menos como alimentar os três filhos. Perdeu cedo os pais e se separou dos irmãos para que cada um seguisse seu destino. Ele e meus tios alcançaram cada um o trono de seus Reinos. Sem matar ninguém; sem manipular ninguém. Porque pelo contrário de pessoas como você, Crocodilo, eles não buscaram culpado para os problemas que deveriam resolver, nem pediram ao Criador que sentisse pena de suas criações. Eles buscaram uma solução e não o mais fácil...

'Você cita que plebeus comem ratos para que os nobres comam bem. Em vez de modificar tal situação, contudo, para que os plebeus comam bem, se satisfaz em culpar e atacar os nobres. Você supõe que seria diferente se gente da sua laia estivesse no comando? Eu vou lhe dizer o que iria acontecer: gente da 'minha laia' iria então comer ratos para que gente da 'sua laia' pudesse se banquetear. Eu não sou filho de um Rei, pirata; eu sou filho de um plebeu que se tornou um Rei! E, se fui criado pelo semideus na condição que fui, é porque tenho fé que o Criador espera algo de mim, que um praticante de magia negra jamais poderá compreender.'"

Dragões de Éter: Caçadores de Bruxas 

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